segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Psiu, silêncio!

Na nossa cultura, o silêncio parece desnecessário. Os dias são tomados por barulhos, distrações, tarefas e problemas demais para resolver. Essa dose exagerada de estímulos, que costuma se intensificar nesta época do ano, gera estresse e leva ao afastamento de si mesmo.

É difícil pisar no freio quando as horas parecem atropelar os minutos e empilhar compromissos. Mas, assim como o corpo, a mente também precisa de descanso. A solução é aprender uma atitude simples, mas revolucionária: abrir uma brecha nas preocupações com o mundo para preocupar-se consigo mesmo.

Quando essa parada não ocorre de maneira consciente, o organismo dá um jeito de fazer isso sozinho: cria uma doença.

Parar alguns minutos em meio ao corre-corre diário não significa fugir da vida e suas responsabilidades. Pelo contrário.

– Parar é ficar sem fazer nada por um período definido, com o propósito de se tornar mais desperto e saber quem você é – explica David Kundtz, em seu livro A Essencial Arte de Parar (Editora Sextante).

Estimulada por todas as tradições religiosas, a meditação é uma prática antiga e eficaz para quem deseja equilibrar mente e corpo. No islamismo, Maomé se isolava para encontrar paz, assim como Jesus Cristo, no cristianismo, que passava longos períodos sozinho para encontrar Deus. No budismo, Sidarta, o Buda, saía do seu palácio para meditar e recuperar a tranquilidade.

– Ficar só, e em silêncio, permite recobrar as energias, harmonizar mente e corpo para encarar a vida de uma maneira nova, com menos ansiedade, priorizando o que realmente é importante – afirma a professora da ioga e meditação Dudi Rios, de Caxias do Sul.

Se meditar era bom tantos séculos atrás, quando não havia trânsito congestionado, cheque especial, e-mails, Twitter, MSN ou qualquer outra janela a piscar na tela do computador pedindo atenção, é de se supor que dar férias à mente por alguns minutos seja ainda mais importante hoje em dia. Nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade de Kentucky já constataram que meditar reduz em 15% infartos e derrames e melhora o sistema imunológico.
Ao praticar meditação, o único objetivo deve ser silenciar a mente, parar com a agitação e a sucessão de pensamentos que surgem. A prática exige concentração e treino porque o cérebro está acostumado a manter-se conectado ao mundo externo.

– Ao meditar a gente não pede nem espera nada. Vive-se o momento apenas. Isso é muito bom porque estamos acostumados a não pensar no presente. Vivemos lembrando do que foi e planejando o que vai ser.
ZH

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Elegância

Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento. É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.

É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma, nem fotógrafos por perto. É uma elegância desobrigada.
É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.

É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores, porque não sentem prazer em humilhar os outros.

É possível detectá-la em pessoas pontuais. Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.

Oferecer flores é sempre elegante.

É elegante não ficar espaçoso demais.

É elegante, você fazer algo por alguém , e este alguém jamais saber o que você teve que se arrebentar para o fazer...

É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.

É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.

É elegante retribuir carinho e solidariedade.

" É elegante o silêncio, diante de uma rejeição... "

Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do Gesto.

Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.

É elegante a gentileza, atitudes gentis falam mais que mil imagens...

...Abrir a porta para alguém...é muito elegante...
...Dar o lugar para alguém sentar...é muito elegante...

...Sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma...

...Oferecer ajuda...é muito elegante...

...Olhar nos olhos, ao conversar é essencialmente elegante...

Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas tentar imitá-la é improdutivo.

A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que "com amigo não tem que ter essas frescuras".

Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os desafetos é que não irão desfrutá-la.

Educação enferruja por falta de uso.

E, detalhe: não é frescura.

Toulouse Lautrec

Para não adoecer

Se não quiser adoecer - "Fale de seus sentimentos"
Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer.
Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados.
O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia.

Se não quiser adoecer - "Tome decisão"
A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões.
A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.

Se não quiser adoecer - "Busque soluções"
Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce
existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.

Se não quiser adoecer - "Não viva de aparências"
Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas de peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.

Se não quiser adoecer - "Aceite-se"
A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.

Se não quiser adoecer - "Confie"
Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.

Se não quiser adoecer - "Não viva sempre triste"
O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. "O bom humor nos salva das mãos do doutor". Alegria é saúde e terapia.

Dráuzio Varella

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Os quatro níveis de alfabetização, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional:

Analfabetismo
Não conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura, embora consigam ler números familiares (telefones, preços, etc.).

Alfabetismo rudimentar
São capazes de localizar uma informação explícita em textos curtos e familiares (como um anúncio ou pequena carta), ler e escrever números usuais e realizar operações simples, como manusear dinheiro para o pagamentos. São considerados analfabetos funcionais.

Alfabetismo básico
Leem e compreendem textos de média extensão, localizam informações mesmo que seja necessário realizar pequenas inferências e resolvem problemas envolvendo uma sequência simples de operações. No entanto, mostram limitações quando as operações requeridas envolvem maior número de etapas ou relações.

Alfabetismo pleno
Conseguem compreender e interpretar textos longos, distinguem fato de opinião, realizam inferências e sínteses. Quanto à matemática, resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle, envolvendo percentuais, proporções e cálculo de área, além de interpretar tabelas, mapas e gráficos.

32% dos brasileiros com ensino superior não são plenamente alfabetizados

Se você consegue ler e interpretar um texto como este, você faz parte de uma elite no Brasil: o seleto grupo dos plenamente alfabetizados. Segundo a pesquisa Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgada pelo Ibope nesta semana, apenas 25% da população brasileira se enquadra nesta categoria – e o número não deve crescer tão cedo.
Realizada desde 2001, a pesquisa avalia a capacidade de leitura de textos e aplicação de operações matemáticas básicas de brasileiros entre 15 e 64 anos. Neste ano, foram entrevistadas 2.000 pessoas em regiões rurais e urbanas de todo o país.
Ao contrário da alfabetização básica (capacidade de entender textos curtos), que cresceu 9% desde 2007, a alfabetização plena parece estar fora do alcance do sistema educacional brasileiro. Essa contradição aparece no estudo com um misto de boas e más notícias: por um lado, a porcentagem de analfabetos funcionais no país chegou ao seu menor patamar da história (28%). Por outro, o número de brasileiros plenamente alfabetizados não só deixou de crescer como caiu 3% em relação a 2007. Desde o início da década, o índice permanece estagnado, apesar dos avanços em todos os outros níveis de alfabetização.
De acordo com o relatório da Inaf, o problema atinge até as universidades: 32% dos brasileiros com ensino superior completo ou incompleto não podem ser considerados plenamente alfabetizados. "O número é assustador", afirma a pesquisadora Vera Masagão, uma das coordenadoras do estudo. "Ele mostra que, com a popularização do ensino superior, a qualidade pode estar caindo."
Na teoria, o ensino médio completo bastaria para que qualquer pessoa fosse capaz de compreender e interpretar textos longos. Na prática, menos da metade dos alunos comprovaram essas capacidades. "Isso tem a ver com a qualidade da escola, que é insuficiente e não garante um aprendizado mínimo", diz Vera.
Ela afirma que, caso as tendências atuais se mantenham, o analfabetismo funcional deve continuar a cair de forma acentuada – principalmente entre pessoas de baixa renda, que antes não tinham acesso nem mesmo ao ensino fundamental. Para diminuir o abismo entre a alfabetização básica e a plena, no entanto, o acesso não é o bastante: é preciso investir na qualidade.

Fonte: Revista Época